sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Medidores de pressão – Manômetros – parte 1



Toda variável de processo é medida a partir de princípios físicos ou químicos, tem-se um condicionamento da medida e uma conversão com a finalidade de facilitar a visualização do usuário. Foram desenvolvidas várias técnicas de medição de pressão, apresentando assim uma variedade na escolha do instrumento que melhor atenda a necessidade do processo, podendo ser um simples manômetro, como os sofisticados transmissores com comunicação digital e controle integrado.



Componentes dos medidores de pressão


De maneira básica, os medidores de pressão são divididos em três partes principais, são elas:



Elemento de recepção:

Tem a função de recebe a pressão a ser medida e transforma-la em deslocamento ou força. Exemplo: tubo de Bourdon, fole e diafragma.




Elemento de transferência:


Tem a função de ampliar o deslocamento ou a força do elemento de recepção ou o transforma em um sinal de transmissão que são enviados ao elemento de indicação. Exemplo: links mecânicos, relés piloto, amplificadores operacionais.




Elemento de indicação:


Tem a função de receber o sinal do elemento de transferência e indicar ou registrar a pressão medida. Exemplo: ponteiros, displays.




Principais medidores


O mais conhecido medidor de pressão, sem dúvida alguma, é o manômetro. Muito utilizado para medições de pressão em campo, principalmente por depender somente da energia do fluído medido, ou em laboratórios, como os manômetros de coluna, pela facilidade e simplicidade. Existem vários outros medidores com princípios diferentes sendo que os principais medidores de pressão serão comentados em algumas publicações:



Manômetros


São utilizados para indicação local de pressão e normalmente são divididos em dois tipos principais, os manômetros de líquido e os manômetros elásticos, por vez, os tipos de manômetros possuem diferentes tipos de elemento de recepção.

 A tabela abaixo ilustra a classe e seus respectivos elementos de recepção.


Tipos de manômetros
Elemento de recepção
Manômetros de líquidos
Tipo tubo (coluna) em “U”
Tipo de tubo (coluna) reto
Tipo de tubo (coluna) inclinado
Manômetros elásticos
Tipo tubo de Bourdon (divido em três tipos)
          - Tipo C
          - Tipo espiral
          - Tipo helicoidal
Tipo diafragma
Tipo fole
Tipo cápsula


Manômetros de líquidos

Com uma construção bem simples e de baixo custo, seu funcionamento é baseado na equação manométrica. Basicamente são construídos com um tubo de vidro e área uniforme suportados em estrutura (devido fragilidade do vidro), possuem escala graduada cuja leitura é realizada através do uso de um líquido de enchimento.

A pressão medida é obtida pela leitura da altura do líquido na escala graduada em função da pressão aplicada.

A princípio, qualquer líquido de baixa viscosidade (dificuldade em fluir, ou seja, resistência ao escoamento) e não volátil (evapora com facilidade em temperatura ambiente) podem ser utilizados como líquido de enchimento, porém na prática a água destilada (possui pouca quantidade de sais dissolvidos) e o mercúrio são os líquidos de enchimento mais utilizados.

A sua faixa de medição está associada ao peso específico do líquido de enchimento e também a fragilidade do tubo de vidro, limitando seu tamanho, esse tipo de instrumento é utilizado para medir baixar pressões. Na prática a altura máxima da coluna é de 2 metros, sendo assim a pressão máxima medida é de 2000 mmH2O, se utilizado água destilada e 2000 mmHg se utilizado com mercúrio, lembrado que o peso especifico do mercúrio é muito maior que o da água destilada por isso as pressões alcançadas, utilizando a mesma unidade, são maiores (utilize a tabela do artigo Medição de pressão para conversão e comparação dos resultados).

Formação de menisco na leitura


 O mercúrio e a água destilada têm diferentes formas de menisco (curvatura apresentada na superfície líquida de uma coluna em tubo, dependente do líquido de enchimento). O menisco formado no mercúrio é para cima, sendo sua leitura realizada também na parte superior do menisco, já a água destilada tem seu menisco para baixo, e sua leitura é realizada na parte inferior do menisco, conforme figura abaixo.







A formação do menisco é devido ao fenômeno do tubo capilar, causado pela tensão superficial do líquido e pela relação entre adesão (colar, grudar) líquido e sólido, e da coesão (força de atração entre átomos e moléculas que constituem um corpo, e que resiste a que este se quebre) do líquido.

Em líquidos que molham o sólido, como o caso da água destilada, a adesão é maior que a coesão, sendo assim sua tensão superficial obriga o líquido a subir dentro de um pequeno tubo vertical. Os líquidos que não molham o sólido, como o mercúrio, a tensão superficial obrigado o líquido a baixar dentro do pequeno tubo.

Como a tensão superficial dentro do tubo não tem relação com a pressão, precisa-se de uma compensação.

O valor de compensação em relação ao diâmetro interno do tubo (φ) é de aproximadamente:

Para mercúrio, somar 14/φ no valor da leitura;

Para água destilada, somar 30/φ no valor da leitura.

O diâmetro interno (φ) é normalmente utilizada nas faixas de 6 a 10 mm.

Em alguns casos não é preciso adicionar essa compensação, quando é medida a posição do menisco em pressão zero e é medida a altura da mudança do menisco quando aplicada a pressão.

A menor leitura para manômetros de líquido de uso geral é de 1 mm, e os padrões de 0,1 mm.


A influência da temperatura


Como descrito no artigo Medição de pressão, o peso específico (e a massa específica também) é dependente da temperatura, sendo assim a temperatura ambiente influenciará a leitura, portanto, sua variação, caso ocorra, deve ser compensada, isso também vale para a escala (devido a dilatação).

A temperatura de referência de calibração da coluna deve ser escrita na escala da pressão, normalmente é de 20°C.

Tipos de elementos de recepção para manômetros de líquidos 

Manômetro de coluna “U”


O manômetro de coluna em U é o medidor de pressão mais simples entre os de baixa pressão.

É constituído por um tubo de material transparente (geralmente vidro) encurvado em forma de “U” e fixado sobre uma escala graduada.

A figura abaixo exemplifica algumas possibilidades de escalas.









A escala com zero central (a) está no mesmo plano horizontal que a superfície do líquido, quando as pressões P1 e P2 são iguais. Quando aplicada a pressão em um dos lados (lado de alta pressão) o líquido de enchimento descerá e o outro lado (lado de baixa pressão) subirá, e sua leitura será realizada somando a quantidade deslocada a partir do zero central nos dois lados (alta e baixa pressão).







No tipo (b) o ajuste é realizado no lado de alta pressão do manômetro, nesse tipo é necessário o ajuste de escala a cada mudança de pressão.







No tipo (c) a leitura é feita a partir do ponto mínimo da superfície do líquido no lado de alta pressão, subtraída do ponto máximo do lado de baixa pressão.

A leitura pode ser feita medindo o deslocamento do lado de baixa pressão partindo do mesmo nível do lado de alta pressão, tomando como referência o zero da escala.







Manômetro de coluna reta vertical

A aplicação é igual à do manômetro de coluna em “U”. Esse manômetro tem as áreas de tomada de pressão alta e baixa diferentes, sendo a que a tomada de pressão alta é aplicada na maior área.







Essa pressão aplicada no ramo de maior área provoca um pequeno deslocamento do líquido, dessa tomada, fazendo com que o deslocamento no outro ramo seja bem maior, devido o volume deslocado ser o mesmo.

Podemos utilizar a equação manométrica (ver artigo mediçãode pressão) para determinar o valor da pressão, porém devemos somar as alturas.




Como o volume deslocado é o mesmo, teremos:




Resultando em:




Substituindo o h1 na equação manométrica, teremos:





Na construção Amenor é desprezível em relação a Amaior, podendo ser mais simplificada ainda, resultado na equação final:


Manômetro de coluna inclinada

Manômetro utilizado para medir pressões muito baixas, da ordem de 50 mmH2O. Sua construção é realizada inclinando o tubo reto de menor diâmetro, com isso atingisse boa precisão em função do deslocamento do líquido, em torno de + 0,02 mmH2O.




O “α” é o ângulo de inclinação.

O volume deslocado é o mesmo, porém agora teremos o ângulo “α” ficando a equação:


Lembrando que:


Esses são os tipos mais simples de manômetros que existem, é mais comum encontra-los em laboratórios, ensaios de vazão por diferencial de pressão entre outras aplicações fora do processo de fabricação, principalmente por se limitar a baixas pressões e pela sua fragilidade.
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